sábado, 5 de junho de 2010

Nanoinvisibilidade

"Don't believe me if i tell you that a word of this is true
Don't believe me if i tell you,
specially if i tell you i'm in love with you"

Derrepente o chão começa a sumir... Cada pedra do piso sendo arrancada e simplesmente engolida pela escuridão, ou pela claridade que começa a se formar, não há mais chão, não há mais nada em que se apoiar, e por isso continuo ali, parado, pois sei que não sairei do lugar...
Como um filme... Se você tirar o cenário, o fundo musical, as falas, a emoção, a cor. Não é cinema mudo, não é cinema, e também não é mudo, afinal, o som não existe.
O som não existe, a luz não existe, a matéria não existe, estamos inertes, aliás, a inércia também não existe, nem energia, espírito, alma ou qualquer outra manifestação de qualquer coisa.

É como um mundo eternamente vazio, branco... Aliás, o branco é a reflexão total da luz, e o preto é a absorção, então não existem também, pois não existe luz, e dessa maneira, não existem trevas também... O ar que eu respiro? Lenda. Aliás, não existem lendas, ou qualquer outra coisa que possa representar o imaginário, a consciência. Afinal, não existe consciência, não existe eu ou você ou aquele outro, uma eterna desconstrução do mundo como conhecemos, até não sobrar elemento algum, nem a existência do conceito de elemento, ou do conceito de conceito, ou da metalinguística que fala do conceito de conceito, enfim, nada disso existe...

Invisibilidade elevada à máxima potência, ou à mínima... A ponto de dividir-se na própria inexistência... Inclusive na inexistência do vazio... Desconstruí meu mundo ao tamanho menor que o da menor partícula existente, condensado, fechado em sua própria desconstrução... Todo um universo, que agora não existe, num big bang às avessas do qual não se tem volta, nunca.

"Don't believe a word 'cause words can tell lies
And lies are no company when there's tears in your eyes."

terça-feira, 1 de junho de 2010

Rainy Days Revisited

So you feel it, just wrap it up and seal it...
And deal with it, when a rainy day comes along.

Sabe, estranho começar o post com essa música do hellacopters... Quer dizer, nem tanto. Hellacopters é de certa forma nostálgico pra mim. Não que tenha algum significado especial cósmico sobre algum acontecimento específico, apenas é nostálgico, como as tardes que eu passava vegetando em frente à tv... Primeiro era a tv manchete com seus desenhos ainda mais nostálgicos, depois uma infinidade de outros canais e então a MTV, até o dia em que eu desisti dessa história de vegetar em frente à tv e resolvi migrar meu vício pra internet... Então aqui estou novamente, alimentando um dos meus alter-egos (que na verdade não sei se é a expressão correta, já que são muitos fazendo parte de um só), o pseudo-escritor, que não acha a minima graça em arrumar tudo em versinhos e só faz isso quando o alter-ego bobo apaixonado pede.

Mas é engraçado, apesar de tudo... É engraçado eu começar meu post com uma música que fala de chuva. Lá quando chovia muito era o inferno na terra.
Me lembro de um dia quando tivemos que usar tábuas pra sair pra calçada... E que a pobre velhinha nunca conseguia sair de lá sozinha... E uma série de outros detalhes insólitos, como o pátio que inexplicavelmente virou uma espécie de cemitério de cadeiras, com "divisórias" feitas de velhas mesas, e como aquelas rampas eram idiotamente baixas, de maneira que uma pessoa um pouco mais alta podia bater a cabeça ali com facilidade (aconteceu comigo uma dúzia de vezes, pelomenos), e como as escadas eram mais fáceis de descer do que de subir (é lógico que a animação pelo soar do sinal também ajudava nessa impressão), e uma infinidade de mínimos detalhes, detalhes que fazem a vida ter sentido. Pensando bem, foi lá que aprendi a viver, afinal... Olhando assim o conhecimento adquirido parece até algo secundário comparado à vivência, à experiência que se traz... Talvez seja.

Mas é estranho, voltar lá depois desses anos, e ver tudo passar como um filme, ver como certas memórias nunca morrem, como certas coisas nunca se vão, e como ainda que sua alma viaje o mundo todo, ela ainda continua com pontas amarradas à alguns lugares, ou pessoas... Incrível voltar lá e ainda sentir a mesma sensação de estar em casa, de que poderia passar mais dez anos lá, e reviver todas aquelas coisas... As amizades, as partidas de buraco, a descoberta das coisas da vida, e tudo mais...
Hoje em dia, as amizades que eu ganhei lá tomaram rumos diferentes, como árvores... As boas evoluiram, cresceram, e criaram galhos, se ramificaram em muitas outras amizades não tão grandes, mas boas... As ruins, bem, as ruins morreram antes de dar fruto algum.
O gosto musical, criado lá, também evoluiu, se multiplicou... Passou a somar ainda mais e jogar fora apenas o que não tem mais proveito, aparar as arestas.
O conhecimento, um pouco enferrujado, mas nunca obsoleto, continua a me ajudar quando preciso, a ser um trampolim pra saltos mais altos, pra quem sabe então me agarrar à alguma coisa lá em cima, algo que me faça crescer mentalmente, financeiramente, socialmente, enfim...
A pouca mas útil experiência que eu tenho, eu tenho graças à base que recebi lá. Talvez seja nostalgia, talvez seja insanidade, talvez eu só esteja sendo grato demais...
Mas ainda que eu fique 20 anos sem ir naquele local, ele continuará como esteve nos primeiros 20 anos de minha vida, ainda que na memória, nas memórias... Mas eu sei que ele sempre estará lá, como um irmão maior... Só que de concreto, e com um relógio que não funciona.