terça-feira, 25 de maio de 2010

The cake is a lie.

"Well, i passed you in the doorway, and you took me with a glance
I Should have took that last bus home, but you asked me for a dance"

Um belo dia você acorda, e as coisas não estão mais lá... Você abre o armário, e suas roupas não estão lá... As que estão lá cabem em você, mas definitivamente não são suas. As coisas na geladeira também mudaram, assim como os móveis da casa, e aquela mochila que você usava pra ir trabalhar...
Você corre pro quarto, o refúgio, o único lugar de segurança, aonde acredita que nada aconteceu, e que todas as suas coisas estão lá... Mas não estão. É como ser acertado por um tiro à queima roupa... Cadê os cds? Os filmes?
E está se tornando cada vez mais inquietante, agoniante. É como perder a identidade, ter o coração arrancado do peito e simplesmente não sangrar.
O mundo está desabando aos seus pés... "E agora, o que fazer?"
Não dá mais pra voltar ao que era. Não dá nem pra cogitar seguir nessa realidade distorcida e irritante. Talvez dê pra improvisar algo novo, algo trabalhoso e talvez tedioso... Puro "sangue, suor e lágrimas" a la Churchill.
Não sei se é algo bom, algo ruim, ou só algo estranho (não estranho da maneira idiota e desconexa que é Lost, só estranho... como Akira), mas quando mudam-se todas as peças do jogo e também o tabuleiro, as coisas podem ficar estranhas, muito estranhas, estranhas até demais, a ponto de você não reconhecer mais quem é/quer o que nesse eterno conflito de interesses que é a vida. Um jetlag fatal, com direito a enjoo de vôo e tudo...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Doppelganger

"Look to the mirror, don't like what i see
in my reflection, a stranger is staring at me..."

Quem é esse cara?
Cara estranho, desengonçado, trôpego nas palavras e nas atitudes... Quem é esse cara que anda sozinho, no meio da multidão... Que não tem senso de ridículo, de ética, de verdade, de bondade, senso de nada.
Que cara sem graça, sem vida, sem nada... Que tem mil amigos mas sempre parece sozinho. Que é tão simples que ninguém entende, e tão comum que não dá pra passar um tempo ao lado dele.
De quem é esse rosto?
Olhos sem expressão, face sem expressão, como um retrato tirado num momento de distração... Daqueles aonde você tá olhando pra algum ponto fixo no horizonte, sem pensar em nada, simplesmente esvaziando a cabeça... Vazio. Palavra perfeita pra defini-lo... Vazio.
Vazio.
Olhos vazios, como quem vê o mundo como uma eterna folha em branco... Uma folha em branco sem lápis, caneta, ou qualquer outra coisa que a modifique. Uma folha em branco, ou se preferir, uma folha vazia.
Mãos vazias, sempre vazias, que nunca tiveram nada pra carregar, nada... Um fardo, ou um tesouro, ou um ferimento... Nada. Mãos vazias, mas calejadas, de tanto bater no muro intransponível que é viver, mãos inchadas como a de um trabalhador, alguém que sofre o mês todo, e não recebe compensação digna de 10% do esforço que faz.
Coração vazio, completamente vazio, como a folha em branco, sem cor, sem linhas, letras, nem esboço... E principalmente, sem esperança.
Sem esperança de uma vida melhor, de algo melhor, ou melhor... Sem esperança de algo.
Anything, at all.

Não gosto desse cara, ele é patético.
Sem amigos, sem amor, sem algo que faça sentido, sem uma vida, ou o esboço de uma, ou sequer o rabisco de algo que possa ser chamado vida... Afinal, ele é uma folha em branco, completamente em branco.

Mas o pior não é descobrir o quanto esse cara é idiota e burro...
O pior é descobrir que o tempo todo eu tava olhando pro espelho, e no fim das contas, esse cara sou eu.